Personalidade

A personalidade é para Psicologia uma estrutura subjetiva que reúne os aspectos psicológicos mais singulares de uma pessoa, produzindo os padrões mentais que vão concentrar sua diversidade de características, quer sejam, seus tipos de interesses, modos de enfrentamento de problemas, tendência de como expressa emoções, a capacidade de se envolver socialmente, de demonstrar empatia, de manifestar sofrimento, entre tantos atributos que personificam as diferenças individuais e intermediam o contato da mente com a realidade.

Dentre os modelos que buscam explicar a personalidade, o dos Fatores de Personalidade é conhecido pela comunidade científica como parâmetro atual mais fidedigno para sua representação. Sua premissa é que todo ser humano é composto por fatores psicológicos que organizam e ajustam nosso comportamento com o meio, e que diferente da ideia classificatória de que uma pessoa "é extrovertida ou introvertida", todos possuiríamos ambos os polos entre inúmeros aspectos, que variariam conforme as circunstâncias, mas que alguns traços manteriam certa consistência e regularidade ao longo da vida.

A importância dessa perspectiva para a avaliação da personalidade é que ela permite investigar a constância e variabilidade em que a estrutura psicológica se constitui, contemplando distintos objetivos de mapeamento do perfil psicológico:

1. Avaliação sobre tendências de conduta - ao saber que a personalidade se compõe de padrões mentais que se expressam no comportamento e tendem a se repetir, pode-se investigar o repertório mental associado a propensas atitudes que a pessoa mantém em suas distintas relações (de trabalho, acadêmicas, pessoais e com o regramento social);
2. Avaliação de sintomas emocionais - ao se ter ciência que alterações do humor ou eventos intensos (perdas, traumas, experiências de alto estresse etc.) afetam a estabilidade psíquica, isso modula a tendência da pessoa manifestar suas emoções e comportamentos naquele período, tornando a personalidade uma via de investigação de sintomas;
3. Avaliação sobre funcionamento cognitivo e suas alterações - por estar na vanguarda da Psicologia Cognitiva, hoje se entende o quanto a personalidade está correlacionada com as demais Funções Mentais, visando explicar como a Memória influencia a tendência da pessoa ser mais ou menos organizada, por exemplo, ou como as Funções Executivas participam diretamente na capacidade da pessoa ter mais autocontrole. Por isso, a avaliação da personalidade, combinada com a avaliação neuropsicológica, pode servir como indicador de alterações do sistema cognitivo, apontando déficits, altas capacidades, comprometimentos ou declínios (causados pelo avanço da idade).
4. Avaliação sobre aptidões - reconhecido como fator psicológico inerente ao fomento da vida, a avaliação das aptidões permite acesso a uma parte da personalidade associada às forças psicológicas da pessoa, que a orientam a comportamentos mais adaptativos, a protege de sintomas psicoemocionais e está relacionada a uma diversidade de competências vocacionais e de desempenho.

Ao ter esse breve entendimento sobre como funciona a personalidade, percebe-se que ela ultrapassa a ideia popular de uma sigla tipológica que rotula a pessoa, mas contempla dimensões importantes da previsibilidade do comportamento e do exame do estado mental, que possibilita uma visão abrangente do funcionamento psíquico e é uma fonte rica de autoconhecimento, servindo para orientar decisões nas áreas mais diversas em que se assenta a Avaliação Psicológica.