Funções Executivas
As Funções Executivas, tal como discrimina o seu nome, é uma faculdade mental direcionada à capacidade do ser humano em executar, agir sobre tarefas, cuja as propriedades cognitivas envolvidas na organização e aprendizado das informações do ambiente conseguem nos manter orientados a objetivos, permitindo que nossa espécie resolva atividades complexas, supere imprevistos e realize ações em multitarefa.
Com forte correlação dada à função da Inteligência, devido a esta característica de resolução de tarefas, as Funções Executivas se diferenciam por estarem muito associadas ao comportamento intencional: na maneira como a pessoa direciona suas ações e regula seu comportamento, de forma deliberada e consciente, para interagir com o mundo e concluir objetivos.
A partir dessa premissa, o modelo dos três subcomponentes das Funções Executivas é o de maior consenso na literatura. Ele postula que atividade interdepende entre esses subcomponentes é o que mantém o comportamento orientado a metas, sendo eles: 1) Controle Inibitório - controle/inibição de impulsos e distrações; 2) Memória Operacional - armazena informações dentro de alguns segundo com fins de realizar tarefas; e 3) Flexibilidade Cognitiva - habilidade de migrar entre as diferentes possibilidades de respostas/ações em uma situação-problema.
A relevância da avaliação das Funções Executivas, por sua vez, é a compreensão de quais impactos as alterações desses componentes podem refletir na capacidade funcional da pessoa, no que diz respeito do quanto essas alterações podem comprometer a capacidade de alguém tomar, manter suas decisões, regular as próprias ações e agir de forma consciente.
- Avaliação de Déficits Cognitivos - como as Funções Executivas orientam nosso comportamento a tarefas, dificuldades constantes e persistentes de executar atividades cotidianas ou laborais podem servir como indicadores de componentes executivos prejudicados, contribuindo com a identificação de declínios ou déficits cognitivos por vezes associados ao avanço da idade, vivências crônicas de stress ou mesmo a diagnósticos psicoemocionais, como na depressão.
- Avaliação para Ações da Justiça - ao saber dessas atribuições práticas das Funções Executivas, que envolve preservação da consciência e da motivação para realizar atividades do dia a dia, ela se torna um meio de avaliar prejuízos funcionais em ações da justiça que tramitam sobre a qualidade do estado mental, subsidiando informações de ausência ou presença de incapacidade em Ações Cíveis ou Trabalhistas.
- Avaliação do Comportamento Impulsivo - devido ao Controle Inibitório ser um componente diretamente relacionado ao controle de impulsos, hoje se sabe que muitos problemas de conduta e transtornos mentais possuem relação com disfunções do sistema executivo, sendo um importante denominador em avaliações do comportamento.
- Avaliação do TDAH - embora conhecido como um transtorno que afeta a atenção e a atividade psicomotora, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) está fortemente ligado às disfunções executivas, pois características que englobam sustentação do foco, controle de distrações e êxito em migrar de tarefas fazem parte dos subcomponentes executivos. Logo, além da Atenção, um dos principais meios de se identificar o TDAH, é avaliar a qualidade das Funções Executivas.
Com essa breve descrição das competências que fundamentam as Funções Executivas, é possível dimensionar o grau de importância que elas constituem ao campo prático e diagnóstico da saúde mental. Em razão de estarem relacionadas às atividades consideradas críticas para manutenção da vida, como o poder de regular o próprio comportamento, de estar consciente de si ou de tomar de decisões, elas escalonam como uma das principais funções cognitivas envolvidas na avaliação do estado mental, assumindo forte protagonismo nas avaliações que seguem neste projeto.